As Stock Options representam um dos modelos preferidos de incentivos de longo prazo. Não à toa, o termo Employee Stock Option já faz parte da rotina de empresas de todo o mundo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, gigantes do setor de tecnologia como Google, Netflix e Facebook empregam esse modelo para seus colaboradores. Já no cenário brasileiro, MRV, iFood, Nubank e Gympass figuram entre as companhias que adotam as Stock Options em sua gestão.
O que você encontrará neste conteúdo?
- O que é Stock Option?
- Como funciona um plano de Stock Options?
- 5 vantagens de Stock Options: por que empresas criam SOPs?
- Os riscos na implementação de Stock Options e como mitigá-los
- A complexa relação de impostos sobre Stock Options
- Os diferentes tipos de Stock Options e alternativas
- Case de sucesso: Mais Mu e a visão do compartilhamento de equity com Stock Options
Engana-se, porém, quem pensa que trata-se de uma novidade. Em 2000, a consultoria Hay Group divulgou uma pesquisa revelando que 40% das grandes corporações brasileiras já ofereciam planos de opções a seus colaboradores. Desde então, o tema passou a ganhar mais evidência com o boom das startups e a popularização do compartilhamento de equity.
Um estudo recente realizado pela Willis Tower Watson com companhias do Brasil apresenta uma clara preferência pelas Stock Options. Nele, 38% das organizações entrevistadas confirmaram o uso de SOPs como incentivo de longo prazo.
Diante dessa tendência, preparamos um verdadeiro guia com tudo o que as empresas e colaboradores precisam saber sobre o tema. Neste conteúdo, você encontrará as informações necessárias para se aprofundar nas Stock Options. Acompanhe a leitura.
O que é Stock Option?
O termo Stock Option significa “opção de compra de ações” em português. Alude à oportunidade de adquirir ações de uma companhia a um preço pré-determinado como parte do pacote de remuneração.
Quando comparadas às ações comuns, as Stock Options se diferenciam no fato de que os beneficiários obtêm o direito, mas não a obrigação, de comprar as ações da empresa em um momento posterior. Ou seja, podem comprar os ativos e se tornarem sócios, mas não são obrigados a isso.
Essa singularidade permite que o detentor das opções avalie a situação de desvalorização ou valorização das ações e exerça, ou não, o seu direito de compra.
Por sua vez, o plano de Stock Options – Stock Options Plan ou SOP – é um incentivo de longo prazo que oferece aos colaboradores essa oportunidade. Por isso, o termo também é conhecido como Employee Stock Options (ESOPs).
O recurso é usado para conquistar e reter talentos altamente qualificados, assegurando uma série de benefícios envolvidos. Sendo assim, a integração de Stock Options ao pacote de remuneração configura-se como um atrativo adicional valioso.
“Todo empreendedor deve considerar compartilhar parte do seu capital com o time que o ajuda a gerar valor. Se você não pensar nisso e outras empresas pensarem, certamente terá outro lugar em que o colaborador se sentirá mais acolhido e valorizado” – Otto Guarnieri, CEO da Mais Mu e cliente do Basement
Aproveite para baixar nosso Guia de Stock Options no Brasil e descubra como desenvolver seu próprio plano de opções seguindo as melhores práticas de mercado.
Como funciona um plano de Stock Options?
Em resumo, um Stock Option Plan traça o caminho necessário do cumprimento dos requisitos até o recebimento das opções. É recheado de conceitos específicos, como o período de aquisição – vesting para stock options – e o preço de exercício.
O processo envolve a formulação e aprovação de um acordo que formaliza o plano de Stock Options. Nele, deve ser especificada a mecânica que concede ao colaborador o direito de adquirir ações da empresa a um preço que normalmente é inferior ao valor de mercado e podem ser obtidas em situações diversas.
O documento deve conter elementos como o número de ações designadas para o programa – option pool –, um período de carência estabelecido – cliff –, bem como outras regras, diretrizes e condições jurídicas essenciais.
No Brasil, os SOPs operam com base na estrutura legal conforme delineado no artigo 168, parágrafo 3º, da Lei n. 6.404/1976, que regula as Sociedades Anônimas (S/As) :
- § 3º – ”O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite de capital autorizado, e de acordo com plano aprovado pela assembleia-geral, outorgue opção de compra de ações a seus administradores ou empregados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia ou a sociedade sob seu controle.”
Um plano de Stock Options é delineado com o objetivo de alinhar os interesses, tanto dos colaboradores quanto dos acionistas. Dessa forma, o sucesso da empresa resulta no sucesso dos colaboradores que participam do plano, estabelecendo uma conexão intrínseca entre o desempenho individual e o avanço coletivo da organização.
Entre os motivos mais comuns para a concessão de opções estão:
- desempenho excepcional;
- ampliação dos rendimentos do funcionário;
- cumprimento de metas pré-estabelecidas;
- entre outros.
Abaixo, destacamos um vídeo que apresenta como criar um plano de Stock Options com dicas práticas do nosso CEO, Fred Rizzo.
5 vantagens de Stock Options: por que empresas criam SOPs?
Esse modelo oferece benefícios que abrangem diversos aspectos da companhia, desde impulsionar a motivação dos colaboradores à auxiliar na captação de talentos. A seguir, listamos os cinco principais benefícios que levam as empresas a implementar Stock Options:
- atração e retenção de talentos de alto rendimento;
- alinhamento de objetivos de longo prazo;
- mais engajamento e redução de turnover;
- melhora na cultura organizacional e senso de propriedade; e
- otimização de recursos financeiros.
Confira como cada uma dessas vantagens se aplica na prática a seguir.
1. Atração e retenção de talentos de alto rendimento
Uma das vantagens primordiais dos SOPs é a capacidade de seduzir e manter profissionais excepcionais na empresa. A possibilidade de adquirir ações da empresa a um preço vantajoso, após estar apto às condições de carência, não apenas aumenta o pacote de remuneração, mas também cria um senso de propriedade e comprometimento.
Diferentemente de modelos tradicionais, onde a remuneração se baseia no salário, companhias que oferecem Stock Options utilizam esse recurso como diferencial na proposta de trabalho. Isso serve tanto para atrair novos talentos quanto para garantir a permanência dos que já atuam no negócio.
A fintech mineira Méliuz é um dos muitos exemplos de como atrair e reter talentos usando Stock Options. De acordo com o CEO e cofundador, Israel Salmen, a empresa não tinha dinheiro para atrair talentos pagando o salário que o mercado propunha. Por isso, adotou a prática de Stock Options.
“É difícil construir algo grande e disruptivo sem dividir esse trabalho com pessoas que pensam como você e se destacam por seus resultados. Essa é uma forma de recompensá-los”, contou em entrevista à revista Exame.
2. Alinhamento de objetivos de longo prazo
Um programa de Stock Options ajuda a convergir os interesses dos colaboradores aos objetivos da empresa. Quando os funcionários têm a chance de fazer parte do quadro societário, passam a ter motivos adicionais para trabalhar em prol do crescimento da empresa a longo prazo.
Ao estar alinhado com a possibilidade de adquirir ações da companhia, o funcionário a estará em convergência com o objetivo estratégico da empresa, uma relação onde todos ganham. O negócio passa a contar com um nível de comprometimento ímpar e uma visão de longo prazo firmada a partir do acordo que formaliza as opções junto ao trabalhador.
Outro exemplo de sucesso no uso de Stock Options como ILP, a fintech ASAAS disponibiliza opções para todos os colaboradores que completam um ano de casa. Além disso, também conta com um programa de indicação para os Rising Stars: grupo de pessoas que têm a oportunidade de adquirir mais opções e aumentar sua participação na empresa.
“Eu quero que todo mundo se sinta e aja como dono da empresa, mas para isso preciso tratá-los como donos. Se eles não tiverem autonomia, liberdade e espaço, não adianta dar ações”, contou o CEO da ASAAS, Diego Contezini, em participação no nosso podcast, Basement Talks. Assista ao episódio completo na íntegra.
3. Mais engajamento e redução de turnover
Um plano de Stock Options também resulta em colaboradores mais engajados e produtivos. Isso porque eles estarão em busca das metas para alcançar a oportunidade de exercer suas opções – principalmente para empresas de capital aberto – e, assim, compartilhar os frutos do sucesso da empresa.
Esse envolvimento intrínseco motiva o funcionário a se esforçar para melhorar o desempenho da organização como um todo. Como resultado, um plano de opção ações estimula a cultura de motivação elevada e de comprometimento genuíno com os objetivos corporativos.
Outro exemplo brasileiro do uso de SOPs, o banco Neon revelou à revista Exame que as áreas com a maior concentração de aderentes ao programa têm três vezes menos rotatividade de profissionais em comparação com as demais.
4. Melhora na cultura organizacional e senso de propriedade
As companhias que contam com incentivos de longo prazo como as Stock Options não apenas encorajam um esforço focado e orientado para resultados, mas também cultivam uma cultura de propriedade – também conhecida como Ownership.
Essa sensação de co-propriedade cria uma dinâmica na qual os funcionários sentem que têm um papel ativo na construção do futuro da empresa. Consequentemente, os SOPs contribuem para o crescimento sustentável da organização, uma vez que cada pessoa é incentivada a contribuir com suas melhores habilidades e esforços.
5. Otimização de recursos financeiros
Em vez de conceder aumentos salariais significativos ou bônus imediatos, a empresa pode oferecer Stock Options como uma forma de recompensa de longo prazo. Essa prática permite que o negócio conserve recursos financeiros imediatos sem precisar abrir mão de profissionais qualificados.
Esse formato é valioso em situações em que a empresa deseja recompensar os colaboradores pelo desempenho e dedicação, mas pode não ter os meios imediatos para aumentar a folha de pagamento, por exemplo. Nessa linha de raciocínio, muitas startups em early stage usam das Stock Options como alternativa eficaz à remuneração imediata em dinheiro.
No futuro, os colaboradores podem vender as ações adquiridas após a opção e realizar seu lucro financeiro. Esse caminho fortalece cada vez mais a relação de colaboração, uma vez que entrega potenciais recompensas financeiras aos funcionários.
Esses são alguns dos principais benefícios que fazem com que empresas adotem um SOP. Porém, também é preciso conhecer os riscos e consequências envolvidos nesse tipo de incentivo.
Os riscos na implementação de Stock Options e como mitigá-los
É fundamental reconhecer que, embora ofereçam inúmeras vantagens, as Stock Options também podem trazer consigo alguns perigos que demandam atenção cuidadosa. Sua implementação requer uma abordagem bem informada, que considere esses desafios e ações para mitigá-los.
Abaixo, examinamos alguns riscos comuns associados às Stock Options e estratégias para atenuá-los.
Desalinhamento ou falta de interesse
- Risco: Ao não tangibilizar as Stock Options, a falta de uma comunicação assertiva ou mesmo a definição de metas vistas como inalcançáveis podem fazer com que o objetivo de alinhar interesses caia por terra. Assim, o SOP deixa de ter eficácia.
- Como mitigar? Além de definir indicadores claros e metas realistas que conectem diretamente as ações dos colaboradores ao desempenho da empresa, propiciar uma comunicação transparente sobre o plano e os benefícios a longo prazo é fundamental para manter o engajamento.
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Complexidade legal e administrativa
- Risco: A concepção e a administração de um SOP são tarefas complexas e exigem um consumo significativo de tempo. Logo, erros administrativos podem ocorrer, levando a problemas legais ou fiscais.
- Como mitigar? Envolver profissionais jurídicos especializados na elaboração e implementação do plano é fundamental. Além disso, a implementação de um sistema de gestão de opções de ações simplifica e automatiza muitos processos administrativos.
Leia nosso conteúdo exclusivo sobre como o Basement potencializa o impacto dos programas de Stock Options.
Atrito ao sair da empresa
- Risco: Colaboradores que deixam a companhia antes de exercerem suas opções podem perder a oportunidade de usufruir dos benefícios.
- Como mitigar? Introduzir um período vesting que motive os colaboradores a permanecerem por um período específico. Além disso, oferecer opções de exercício antecipado pode permitir que os funcionários mantenham os benefícios após deixarem a organização.
Acesse nosso conteúdo e entenda o que acontece com as Stock Options na saída do colaborador.
A complexa relação de impostos sobre Stock Options
A relação tributária sobre SOPs é complexa e envolve várias nuances. Por isso, entender os aspectos fiscais e o processo de declaração de impostos é de vital importância, tanto para gestores quanto para colaboradores.
No geral, a tributação ocorre quando os colaboradores exercem suas opções e adquirem as ações a um preço vantajoso – conhecido como ”Strike Price”.
A diferença entre esse preço e o valor de mercado, no momento do exercício, é considerada como um rendimento tributável. A quantia está sujeita ao Imposto de Renda (IRPF) e, no caso das opções de ações de empresas não listadas em bolsa, também ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O ganho de capital é calculado com base na diferença entre o preço das ações na aquisição e o valor de venda. As alíquotas variam de 15% a 22,5%, dependendo do tamanho do lucro obtido, mas ainda há uma longa discussão sobre o tema. A indefinição sobre a natureza mercantil ou trabalhista é o grande impasse nos órgãos reguladores.
Acesse nosso conteúdo sobre como funciona a tributação de Stock Options e confira a explicação completa sobre esse tópico.
Os diferentes tipos de Stock Options e alternativas
No Brasil, apenas um tipo de Stock Option é permitido: Non-Qualified Stock Options (NSOs). Por outro lado, países com mais flexibilidade fiscal – por exemplo, Estados Unidos, Canadá e Reino Unido – também é possível utilizar a modalidade de Incentive Stock Options (ISOs).
Por aqui, no entanto, há diferentes alternativas na forma de alcançar os objetivos traçados junto aos incentivos de longo prazo. O modelo mais comum é conhecido como Call Option, em que o funcionário tem a opção de adquirir ações a um preço fixo, mas não é o único.
Também existem as Pull Options, formato que tem como destaque o componente colaborativo. As ações são adquiridas apenas quando uma equipe ou departamento atinge metas coletivas. Isso estimula a colaboração entre os pares e alinha os objetivos individuais com os da equipe e da empresa.
Já as Phantom Stocks possibilita aos colaboradores receberem um bônus em dinheiro com base no aumento do valor das ações da empresa, mas sem adquirir efetivamente as cotas.
As Unidades de Ações Restritas (Restricted Stock Units, RSUs) envolvem a concessão de ações sujeitas a um cronograma de aquisição e condições específicas. Ao longo desse período de tempo, os funcionários não têm acesso imediato às cotas, mas, à medida que o tempo passa e as condições são cumpridas, eles se tornam proprietários das ações.
Em síntese, o cenário das Stock Options é diversificado e complexo, oferecendo uma série de opções que podem ser adaptadas às necessidades e metas de cada empresa e seus colaboradores. Cada modelo tem seus próprios pontos fortes e implicações, permitindo que as organizações escolham a abordagem que melhor se alinhe aos seus objetivos e valores.
Case de sucesso: Mais Mu e a visão do compartilhamento de equity com Stock Options
A Mais Mu é uma foodtech brasileira de suplementos e snacks saudáveis em franco crescimento. Fundada em 2015, a empresa enaltece a participação ativa dos colaboradores não apenas como mão de obra, mas também como parceria para compartilhar os frutos do negócio.
“Ao invés de criar uma barreira entre a empresa e o colaborador e fazer pressão por resultado, você chama a pessoa para entrar no barco com você. Sem essa de colaborador x empresário, cada um estando de um lado da mesa, e sim os dois do mesmo lado”, contou o CEO da Mais Mu, Otto Guarnieri.
Assim como o case da Mais Mu, centenas de empresas brasileiras usam o Basement para implementar e gerir suas Stock Options. Ao fazer a gestão digitalizada das opções de compra, os fundadores nunca perdem o controle sobre as opções que já distribuíram e a quantidade de ações disponível para novos talentos, mantendo a boa governança da empresa com o devido cuidado ao cap table.
Já os colaboradores conseguem verificar a qualquer momento quantas Stock Options possuem, acompanhar seus calendários de vesting e cliff, além de acessar o seu contrato de outorga em poucos cliques.
Na prática, essa é uma forma do empreendedor mostrar aos membros da equipe que leva o equity deles a sério, garantindo maior segurança e controle sobre suas opções.
Assista ao vídeo abaixo e descubra como funciona a ferramenta para gestão de Stock Options do Basement. Aproveite também para solicitar um contato aos nossos especialistas e saiba como o software pode ajudar a sua empresa