O modelo de partnership tem conquistado cada vez mais empresas adeptas no Brasil e em todo o mundo. Não à toa, gigantes como Ambev, BTG, Goldman Sachs e XP Investimentos são alguns dos principais exemplos de sucesso desse modelo de gestão.
Imagine uma organização onde os funcionários são mais do que apenas colaboradores, mas verdadeiros sócios. Compartilham responsabilidades, tomadas de decisão e, principalmente, os frutos do sucesso da companhia. Pode parecer utópico, mas é exatamente assim que uma empresa que adota o modelo de gestão com programa de partnership funciona.
O que você encontrará neste conteúdo?
Mais do que uma inovação no modelo de negócio, trata-se de um dos incentivos de longo prazo preferidos pelas grandes corporações.
Em vez da hierarquia rígida tradicional, colocar funcionários como sócios da empresa tem o objetivo de atrair, engajar e reter colaboradores talentosos. Tudo isso por meio de uma cultura organizacional com foco no comprometimento a longo prazo e que recompensa, de verdade, cada indivíduo.
Mas como isso funciona na prática? Quais são os benefícios? Qualquer empresa pode ter um programa de partnership? A resposta para essas e outras perguntas frequentes sobre o assunto estão aqui.
Preparamos esse conteúdo completo onde exploramos em profundidade o modelo societário de empresas que adotam o partnership. Também abordaremos os desafios enfrentados ao implementar essa abordagem, como o controle da participação societária e o equilíbrio entre os interesses dos colaboradores e os objetivos de negócio da empresa.
Acompanhe a leitura.
O que é partnership?
Em resumo, partnership é o modelo de gestão em que os funcionários podem se tornar sócios da empresa. Envolve a distribuição de ações ou participação acionária com o objetivo de incentivar o desempenho dos colaboradores, alinhando os seus interesses aos do negócio.
O significado literal do termo partnership se refere às palavras parceria e sociedade, e indica o que a empresa busca com o modelo. Isso ocorre porque os funcionários que participam do quadro societário tendem a ter visão de longo prazo e a estar mais comprometidos com o sucesso da organização.
Diferentemente de um colaborador comum, que geralmente não tem ganhos adicionais mediante resultados positivos da empresa, a pessoa que detém participação tem total interesse no crescimento do negócio. Ou seja, partnership significa fazer parte em prol do progresso coletivo e, por fim, ser recompensado por isso conforme a evolução da organização.
A empresa ganha acionistas envolvidos na operação, que estão dispostos a entregar mais para o negócio alcançar seus objetivos. Além disso, também torna a hierarquia mais democrática, uma vez que coloca novos sócios como participantes nas tomadas de decisão, desde as mais estratégicas às relacionadas ao dia a dia.
A origem do partnership
Também conhecido como Employee Ownership (propriedade pelo funcionário) ou Employee Stock Ownership Plan (ESOP), o modelo ganhou repercussão através do banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs.
O livro que conta a história da instituição leva o nome The Partnership: The Making of Goldman Sachs e introduz como uma das principais estratégias para recuperar o negócio após a grande crise de 1929 nos Estados Unidos. À época, depois de perder grande parte dos colaboradores, a empresa desenhou seu primeiro programa de partnership para atrair talentos e manter os poucos que ainda restavam.
Como funciona um programa de partnership?
Qualquer tipo de empresa pode implementar o partnership, mas cada programa de cada negócio precisa ser desenvolvido de maneira personalizada, de acordo com a sua realidade e particularidades. Mesmo assim, há algumas similaridades relevantes.
Nas diferentes formatações, o que coincide é o interesse do colaborador em participar e investir na empresa. O investimento, porém, não se dá necessariamente com dinheiro. Em alguns casos, é possível tornar-se sócio sem fazer um aporte financeiro direto.
Com ou sem dinheiro envolvido, o potencial sócio também precisa ser elegível de acordo com critérios pré-estabelecidos na formatação do programa de partnership. A decisão pode passar por fatores como:
- tempo de serviço;
- alinhamento com a cultura e os valores da empresa;
- posição hierárquica dentro da operação;
- competências e habilidades;
- meritocracia por contribuição significativa para o negócio;
- entre outros.
Ao se deparar com um funcionário elegível, a empresa formaliza a oferta de sociedade. Esse documento, o contrato de compra e vendas de cotas/ações, detalha os termos do acordo, incluindo o capital necessário – se houver –, a porcentagem de propriedade que ele receberá e outras condições relevantes.
Com a resposta positiva por parte do colaborador, é estipulado o período de vesting. O contrato de vesting visa, juridicamente, o modelo de partnership ideal para alcançar as metas estabelecidas e o engajamento com o time de colaboradores.
além de suas novas responsabilidades. A presença em reuniões com todos os sócios para tomadas de decisão, por exemplo, é uma das mais comuns.
Além disso, também deve ser avaliado regularmente para garantir que ele esteja cumprindo com as obrigações e expectativas estabelecidas na oferta de sociedade.
Por que empresas como a XP adotam esse modelo?
O programa de partnership da XP Investimentos surgiu ainda no início da empresa e partiu da necessidade de não perder profissionais para o mercado. À época, ainda com pouca relevância no mercado, optou por diluir sua participação para manter profissionais essenciais na companhia.
“Nós tínhamos alguns profissionais que geravam muito valor, faziam muita receita e resultado. Para reter esse talento, nós fomos vendendo equity e criando uma empresa onde todos eram sócios”, contou o co-fundador da XP, Marcelo Maisonnave, em participação no canal do Basement no Youtube.
Hoje, diante do crescimento da corporação, o modelo da partnership da XP é meritocrático. Baseado em performance e cultura, o programa atua para ampliar a conexão da companhia com seus colaboradores em prol do sucesso coletivo.
“Quero sempre ter pessoas que tenham alinhamento de cultura alto e performance alta. Essas são as pessoas que eu preciso premiar com o mérito de ser um sócio”, completou Marcelo.
Quer saber mais? Assista ao vídeo completo abaixo.
Performance, cultura e outros benefícios do partnership para as empresas
Agora que você já entendeu o que é e como funciona o modelo, a pergunta que fica é: quais são os principais benefícios do partnership? Abaixo, listamos cinco dos que geram mais impacto para as organizações.
- Incentivar o desempenho: ao oferecer a perspectiva de se tornar um sócio, estimula o colaborador a trabalhar mais duro e se dedicar ao trabalho. Como os sócios geralmente recebem uma parte dos lucros, eles têm um incentivo financeiro direto para ajudar o negócio a ser bem-sucedido.
- Atrair e reter talentos: as perspectivas financeiras de longo prazo também servem como recurso para atrair novos talentos e manter profissionais de alto potencial dentro da empresa, mesmo diante de ofertas salariais melhores de outras instituições.
- Alinhar os interesses: quando o colaborador também é um sócio, seus interesses estão mais alinhados com os do negócio, com incentivos diretos para que ele ajude a empresa a prosperar.
- Aprimorar a cultura organizacional: ter funcionários como sócios ajuda a criar uma cultura corporativa de propriedade e compromisso. Eles se sentem mais investidos no sucesso da empresa, estando mais conectados ao propósito e aos resultados.
- Aumentar o potencial de crescimento e inovação: funcionários que são sócios muitas vezes trazem novas ideias e perspectivas para a empresa, o que pode impulsionar a inovação e o crescimento.
Os riscos do partnership: planejar a saída é tão importante quanto a entrada
Assim como existem os benefícios, também é preciso conhecer os riscos do partnership. Afinal, admitir novos sócios pode trazer conflitos de interesses, com visões diferentes sobre a direção da empresa.
As tensões também podem gerar dificuldade nas tomadas de decisão. Com o crescimento do número de sócios, é preciso melhorar o alinhamento e os processos que envolvem decisões com ação rápida para evitar perda de oportunidades ou ações para combater uma crise, por exemplo.
É imprescindível que haja uma política bem estabelecida quanto à venda da participação adquirida pelos novos sócios. Se um funcionário-sócio decide sair, o partnership deve resguardar ambas as partes para evitar conflitos de governança e proteger os interesses da companhia.
Os termos de saída devem definir quem tem o direito de comprar a participação e o método para avaliar o preço, além de outros detalhes importantes para a continuidade do negócio sem maiores impactos.
Se surgir algum desacordo sobre a saída de um sócio, o acordo de partnership pode fornecer um processo de resolução de disputas, que pode ajudar a evitar litígios custosos e demorados.
5 etapas indispensáveis para implementar o partnership
A implementação de um programa de partnership envolve várias etapas, e é preciso se atentar para garantir que tudo seja feito corretamente. Para isso, preparamos uma lista com seis passos para te ajudar a começar na sua empresa. Confira abaixo.
- Identifique os objetivos: o primeiro passo é compreender por que sua empresa precisa do partnership. Os objetivos podem incluir melhorias no desempenho dos funcionários, retenção de talentos, alinhamento dos interesses,etc. Os objetivos te ajudarão a moldar o programa que mais se adequa à sua necessidade.
- Desenvolva o programa: é preciso decidir como a participação será distribuída, quais serão os direitos e responsabilidades dos novos sócios, termos de saída e assim por diante.
- Defina os critérios de elegibilidade: descreva os critérios pelos quais os funcionários serão avaliados para se tornarem sócios. Isso pode incluir tempo de serviço, desempenho, habilidades específicas, entre outros.
- Elabore o acordo de partnership: o contrato de compra e vendas de cotas/ações deve estabelecer claramente os termos e condições da sociedade, incluindo as responsabilidades e direitos dos sócios antigos e novos, o processo de tomada de decisões, e o que acontecerá se um sócio decidir sair.
- Crie uma estratégia de comunicação: a comunicação periódica entre os sócios é um importante ritual para manter o alinhamento. Como essa comunicação é de exclusividade dos sócios, o partnership manager tem a função de organizar e comunicar esse processo de implementação.
Etapa extra: tecnologia à favor da gestão de partnership com o Basement
Cada vez que um novo sócio é adicionado ao quadro societário, a tarefa de gerenciar o partnership se torna mais complexa. Quando tratam-se de poucos acionistas, isso ainda pode ser controlado através de planilhas manuais, mas com a escala, torna-se fundamental contar com um sistema de partnership como o Basement.
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