Ao longo dos últimos anos, a governança corporativa se consolidou como uma das bases fundamentais para o sucesso sustentável de grandes corporações. Assim como em outros departamentos, a área também ganhou uma peça-chave que, muitas vezes, fica nos bastidores de companhias bem sucedidas: o Governance Officer (CGO) – ou diretor de governança.
Mas afinal, qual o papel dessa figura? Ao longo desse conteúdo, aprofundaremos o tema trazendo informações valiosas sobre a atuação deste profissional da área de governança, suas responsabilidades e atribuições. Acompanhe a leitura.
O que você encontrará neste conteúdo?
- O que faz um Governance Officer?
- Por que as grandes corporações precisam de um CGO?
- As responsabilidades e atribuições do diretor de governança corporativa
- Quais são as qualificações e habilidades necessárias para um Governance Officer?
- A importante tarefa de integrar departamentos em prol da governança corporativa
O que faz um Governance Officer?
Também conhecido pela sigla CGO – Chief Governance Officer –, trata-se de uma função que sintetiza a complexidade da governança moderna, especialmente em estruturas robustas, como as de Sociedades Anônimas (S/As).
O Governance Officer é o arquiteto do sistema de governança. Atua como um elo crítico entre a diretoria executiva e o operacional da companhia. Responsável por traduzir as diretrizes estratégicas em políticas e procedimentos eficazes, esse profissional não apenas garante a conformidade com regulamentos, mas também fomenta uma cultura de integridade e responsabilidade. Assim, torna-se um catalisador para práticas de governança eficientes.
O cargo passou por uma transformação notável ao longo dos últimos anos, refletindo as mudanças no cenário empresarial global. Anteriormente relegado a funções mais técnicas e burocráticas, o CGO agora é visto como um elemento-chave na estratégia organizacional.
Esse executivo interage com o conselho de administração e forma alianças estratégicas com outros líderes, como CEO, CFO, CTO, etc. Essa colaboração multidisciplinar é vital para alinhar as práticas de governança com os objetivos estratégicos da organização, garantindo uma abordagem coesa e integrada à gestão de riscos, conformidade e relações com shareholders e stakeholders.
As frentes de atuação do CGO segundo o IBGC
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), principal referência sobre o tema no Brasil, aponta três frentes de atuação para um CGO. Confira a seguir.
- Operacional: conduzir reuniões, registrar decisões tomadas e assegurar a aderência às regulamentações vigentes.
- Estratégica: introduzir inovações de governança, informar os membros sobre tendências e discussões de mercado relevantes e aprimorar os processos internos de governança.
- Relacionamento: facilitar a comunicação entre os órgãos decisórios, fiscalizatórios e de assessoria.
Por que as grandes corporações precisam de um CGO?
Com um fluxo constante de informações, mudanças regulatórias frequentes e uma crescente demanda por ESG, as organizações de grande porte enfrentam desafios significativos. O CGO surge como uma resposta a essa complexidade.
Não à toa, entre 2022 e 2023, houve um aumento de 22% na demanda por posições de diretor de governança no Brasil. A informação foi confirmada pelo sócio da consultoria Evermonte Executive Search, Artur de Castro, em entrevista à Exame.
A contratação de um CGO demonstra um compromisso da empresa com a excelência em governança. Além disso, esta figura é vital para assegurar que a empresa esteja sempre um passo à frente no que diz respeito à conformidade, mitigação de riscos e gestão ética.
As responsabilidades e atribuições do diretor de governança corporativa
O Governance Officer é uma figura multifacetada com responsabilidades que vão muito além da conformidade regulatória. Entre suas atribuições estão desafios como criar, implementar e supervisionar boas práticas e políticas de governança corporativa que garantam a integridade e a eficácia da organização.
Dentre as principais responsabilidades e atribuições de um CGO, podemos destacar:
- Desenvolvimento e implementação de políticas internas: o CGO é o responsável máximo pela criação de políticas que reforcem a ética e a conformidade. Ele trabalha em estreita colaboração com os departamentos jurídico e de recursos humanos para desenvolver diretrizes que promovam um ambiente de trabalho ético e em conformidade com as leis.
- Monitoramento do cumprimento das regulamentações: ele não apenas cria políticas, mas também garante que elas sejam seguidas. O CGO monitora continuamente a conformidade com as leis e regulamentos, trabalhando com auditores internos e externos para identificar e corrigir quaisquer desvios.
- Gestão de riscos corporativos: o diretor também é o olho atento que identifica e gerencia riscos, protegendo a companhia contra possíveis crises. Seja ao estabelecer um canal de denúncia interno ou trabalhando em conjunto com o departamento financeiro para desenvolver estratégias de mitigação de riscos monetários, tudo isso faz parte da atribuição do CGO.
- Garantia da transparência nas operações: o diretor de governança assegura que todas as operações e transações sejam transparentes, estabelecendo sistemas de relatórios e auditorias que permitam o escrutínio interno e externo.
- Relações com partes interessadas: o profissional também é o ponto de contato entre a empresa e seus stakeholders, incluindo acionistas (shareholders), funcionários e a comunidade. O CGO garante que as comunicações sejam claras, transparentes e em conformidade com as expectativas e requisitos legais.
Quais são as qualificações e habilidades necessárias para um Governance Officer?
Esse é um cargo que exige uma combinação única de qualificações e experiências. Um diretor de governança deve ter um profundo conhecimento em áreas como direito empresarial, ética, gestão de riscos e compliance.
Além disso, uma formação acadêmica sólida, muitas vezes complementada por certificações em governança corporativa, é altamente recomendada. A experiência prática em cargos de liderança também é vital, pois oferece a perspectiva necessária para tomar decisões ponderadas que afetam toda a organização.
No entanto, as qualificações técnicas são apenas metade da equação. As soft skills, como habilidades de comunicação, liderança e pensamento crítico, são igualmente importantes.
Um CGO eficaz deve ser capaz de comunicar complexas questões de governança de forma clara e convincente a diferentes públicos. Ou seja, desde a diretoria até os funcionários da linha de frente precisam compreender a mensagem direcionada. O profissional também deve possuir habilidades de liderança para inspirar e orientar equipes multidisciplinares em direção a objetivos comuns.
Todas essas habilidades para resolver problemas são fundamentais para navegar nos complexos desafios éticos e estratégicos que o cargo apresenta.
A importante tarefa de integrar departamentos em prol da governança corporativa
A eficácia da governança corporativa não é uma responsabilidade isolada de um único gestor. Exige uma estratégia integrada que envolve múltiplos departamentos. O CGO, por sua vez, atua como um maestro, coordenando diferentes setores da empresa para criar estruturas de governança mais coesas e eficientes.
Ao trabalhar em estreita colaboração com diversas áreas, o CGO faz o possível para garantir que a governança seja uma prática que conecte todas as pontas e não apenas um conjunto de políticas fragmentadas.
No departamento societário, por exemplo, o papel desse profissional é auxiliar na estruturação de acordos e contratos para serem alinhados com as melhores práticas de governança.
Junto ao setor jurídico, por outro lado, o CGO assegura que todas as operações estejam em conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis. No âmbito do compliance, ele colabora para desenvolver programas de treinamento e auditorias que reforcem a cultura de conformidade e ética na empresa.
A intersecção entre a gestão societária e a atuação do CGO
A gestão societária engloba as práticas e procedimentos que regem as relações entre acionistas, diretoria, conselhos e outras partes interessadas. Essa esfera é fundamental para assegurar que os direitos e deveres dos stakeholders sejam respeitados, e que a companhia opere de forma transparente e conforme as legislações vigentes.
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