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Um convite aos empreendedores: signifiquem seus cap tables

cap table diverso

Artigo escrito pela Camila Nasser, CEO e cofundadora do Kria, para a coluna do blog Basement.


O conceito de patrimônio está diretamente vinculado à propriedade – ser dona ou deter participação em algo. Quando olhamos para como as pessoas geram riqueza, não é pela participação no mercado de trabalho, mas pela posse de ativos que, ao longo do tempo, podem se valorizar exponencialmente. Como diria o Venture Capitalist Naval Ravikant, prosperidade é ter o seu ativo rendendo para você enquanto você dorme.

Se analisarmos a lista dos maiores bilionários pela Forbes, notamos que são, no final das contas, os donos dos negócios de maior valor (monetário) do mundo. Ainda, mais da metade dos “Forbes Billionaires” são os fundadores das novas empresas e seus investidores.

No mundo das participações, é inegável a grande riqueza que circula no mercado de capitais. Em uma época de baixas nos IPOs americanos, a CEO da Nasdaq, Adena Friedman, chegou a levantar uma preocupação pelo agravamento da desigualdade de renda, que segundo ela, está diretamente relacionado com o acesso ao mercado de capitais, à medida que os investidores “comuns” são excluídos das ofertas atrativas.

Mas para além do mercado público de capitais, há um mar de oportunidades no mercado privado. O Brasil é lar de aprox. 500 mil PMEs, que representam quase ⅓ do nosso PIB e 75% da força de empregos. Temos um mercado latente de investimento nesses negócios: o Venture Capital e Private Equity movimentaram R$23,6 bi em 2020 e, de acordo com a ABVCAP, o primeiro trimestre de 2021 movimentou 88% a mais do que o mesmo período do ano anterior: foram R$10,71 bilhões investidos.

O problema é que a participação nesse mercado é muito limitada. Nossa economia é estruturada de modo que aqueles que possuem os ativos e riqueza distribuídos pelas empresas públicas e privadas são os mesmos que têm o acesso e capital para comprar participação nos novos negócios. 

“o rico cada vez fica mais rico; e o pobre cada vez fica mais pobre. 
E o motivo todo mundo já conhece; É que o de cima sobe e o de baixo desce”.

Xibom Bombom, as Meninas

Precisamos reequilibrar o capitalismo. E isso vem de uma mudança em sua base: o grande valor gerado no mercado de capitais, melhor distribuído com a sociedade. E como podemos fazer isso na prática? Com o nosso equity!

Compartilhe com as pessoas que fazem a diferença no seu negócio, a oportunidade de crescerem junto com ele. Antes de buscar uma “postura de dono” em sua colaboradora, crie oportunidades para que ela seja efetivamente dona do negócio. Iniciativas como criação de stock option plans para equipe estão se popularizando no Brasil, e temos até modelos mais inovadores como o da fintech Cora, que realizou uma rodada de investimentos exclusivamente com seus funcionários: foram 50 deles, que compraram 8% da empresa.

Para além dos investidores tradicionais, trabalhe com um mix de capitais, trazendo como sócios da empresa os seus colaboradores, clientes e principais parceiros. Lá no Reino Unido, 19% dos unicórnios têm, em seus cap tables, uma verdadeira multidão – e isso sem estarem listados em bolsa de valores. Aqui no Brasil, desde 2014 já é possível que startups realizem micro IPOs Digitais e tenham a seu lado uma comunidade forte. Como pioneira neste mercado (através do Kria), tive o privilégio de acompanhar mais de 100 dessas histórias, e vejo cada vez mais empreendedores beneficiando a sociedade com essa nova forma de geração e distribuição de valor.

O seu cap table é reflexo de quem você quer enriquecer no mundo, ele carrega o verdadeiro DNA de sua empresa. Se queremos construir um ecossistema mais diverso, devemos começar analisando quem estamos enriquecendo através de nosso negócio. Use o seu cap table para valorizar os atores que mais contribuem com o seu sucesso; e dê às pessoas historicamente excluídas da geração de patrimônio, a oportunidade de participarem.

No mundo de participações, o futuro do equity é compartilhado.
#EquitytothePeople

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