Muitas empresas cometem o erro de achar que basta criar um programa de Incentivo de Longo Prazo (ILP) para que seus colaboradores imediatamente comecem a pensar como donos, sintam-se mais motivados e permaneçam na empresa por mais tempo.
Mas ILP não é uma pílula mágica. Ele não muda o comportamento de ninguém, pelo menos não da noite para o dia. As pessoas não deixam de lado seus velhos hábitos e se unem pelo bem do negócio só porque se tornaram sócias.
Com frequência, vemos executivos gastarem um enorme tempo e dinheiro definindo qual tipo de ILP mais se encaixa em sua cultura e momento da empresa – se RSUs, stock options, phantom stocks ou performance shares – porém menosprezando um dos aspectos mais relevantes para a eficácia do programa: o entendimento e a percepção de valor dos beneficiários e beneficiárias.
Mesmo aqui no Basement, com uma equipe que trabalha diariamente com os temas de equity e ILPs, olho pra trás e vejo que deveríamos ter iniciado muito antes a falar sobre as complexidades e os desdobramentos do assunto com a equipe, de forma estruturada. Embora sempre incluímos em nossas ofertas de trabalho uma descrição sobre o seu funcionamento (vide nosso modelo de carta-proposta, que disponibilizo abaixo), deveríamos ter criado mais cedo sessões introdutórias ao tema e extrapolado seus conceitos fundamentais com muito mais frequência.
É tudo uma questão de comunicação
As pessoas aprendem e agem em grande parte a partir das histórias que lhes são contadas. E uma boa história, dizem os entendidos, deve começar contextualizando a realidade dos seus integrantes e fazendo um convite para a aventura.
Porém, vemos muitas empresas anunciando seus programas de ILPs simplesmente como mais um benefício para seus funcionários, e não como algo central na sua cultura e no seu modelo de remuneração. Se atrair e reter talentos é comumente descrito como a razão para se criar um plano, seu objetivo final é colocar os colaboradores como reais protagonistas do sucesso da empresa, é materializar sua compreensão de que esse sucesso, no fundo coletivo, é sua responsabilidade, fruto do seu esforço e dedicação.
O propósito do ILP, portanto, precisa ser meticulosamente elaborado e exaustivamente comunicado pelas lideranças. Ser transparente e aberto sobre o programa contribui para o seu entendimento. Assim que estruturado, ele precisa ser documentado e fazer parte dos materiais de onboarding, dos treinamentos de equipe, dos critérios de avaliação, dos encontros mensais e town halls. É sempre melhor comunicar em excesso do que arriscar a incompreensão, em sua totalidade, da razão de existir e do funcionamento do ILP.
Entre os formatos mais comuns utilizados pelas empresas na hora de comunicar seus ILPs encontramos os seguintes:
Apresentações da liderança: em geral os fundadores ou C-Levels dão a largada de seus programas com uma apresentação dos seus objetivos, funcionamento, elegibilidade, entre outros aspectos. É comum os clientes do Basement nos convidarem para fazermos parte dessas apresentações, trazendo uma perspectiva isenta sobre ILPs e introduzindo nossa plataforma como um elemento importante para proporcionar transparência no acompanhamento do incentivo.
Manuais para colaboradores: uma boa prática seguida por muitas empresas é criar um material didático contendo os detalhes do programa criado. O material costuma ser disponibilizado nos processos de onboarding e ficar salvo no wiki ou nos diretórios centrais da empresa.
FAQ: muitas vezes incluídos nas cartilhas ou divulgados de forma separada estão as perguntas mais frequentes sobre o(s) programa(s) de Incentivo de Longo Prazo criado(s) pela empresa. Isso evita que o RH fique constantemente respondendo as mesmas dúvidas através de emails ou afins.
Workshops: menos comuns, mas fortemente recomendadas, estão as sessões voltadas tanto ao público em geral – como forma de relembrar a motivação e o funcionamento básico do programa – como aquelas direcionadas às principais áreas envolvidas com o assunto: em geral o RH, a controladoria e o jurídico.
Softwares especializados: por fim, mas não menos importante, ferramentas especializadas na gestão de equity e ILPs desempenham um papel cada vez mais importante nas estratégias de comunicação das empresas. As pessoas não valorizam aquilo que não entendem. Por isso, considerando a complexidade do tema, disponibilizar um sistema com gráficos de vesting em tempo real, simulações de valorização das participações e impactos decorrentes da tributação pode ajudar enormemente a tangibilizar o valor dos ILPs e criar uma verdadeira cultura de dono na empresa.
Quatro passos para comunicar ILPs ao seu time de forma eficiente
Independente do roteiro utilizado, é importante lembrar que seu público é provavelmente bastante heterogêneo, tem diferentes níveis de compreensão sobre o assunto ou até mesmo interesse no tema. Por isso, procure usar uma linguagem simples, com poucos jargões e buscando traduzir os termos técnicos necessários para o bom entendimento do seu programa.
#1 – Explique o racional do seu programa
Especialmente em scale-ups, é comum haver uma política ou racional por trás da quantidade de ativos a serem destinados a cada membro da equipe. Aqui no Basement, por exemplo, outorgamos nossas stock options como um múltiplo dos salários dos colaboradores, a depender da área em que atua (posições de tecnologia costumam receber mais) e da senioridade.
Ser capaz de articular como sua empresa determina essas alocações é um elemento crucial, que cria confiança. Sua equipe não deve achar que as distribuições de equity são feitas de forma aleatória, decididas caso a caso.
#2 – Apresente diferentes cenários de valorização
Para startups ou mesmo grandes empresas de capital fechado é muitas vezes difícil tangibilizar o valor do ILP uma vez que sua liquidez tende a ser incerta ou distante. Por isso, é fundamental comunicar o valor do seu equity ao longo do tempo, seja em função de uma nova rodada de financiamento, decorrente de um múltiplo de mercado ou mesmo uma avaliação (valuation) realizada por terceiro neutro de confiança.
Ao comunicar o valor das suas stock options, RSUs ou Phantom Shares, é fundamental também apresentar o valor dessas participações ajustadas para cenários futuros:
- Expectativa do valor da ação após próxima rodada de captação;
- Expectativa otimista da ação caso a empresa alcance seu sonho grande, seja tornar-se um unicórnio, fazer IPO ou meta equivalente.
#3 – Explique a mecânica e as terminologias envolvidas
Não há como escapar disso: ILPs são geralmente difíceis de entender, especialmente se a pessoa não estiver familiarizada com a terminologia desse tipo de ativo. Termos como vesting, cliff e janelas de exercícios podem parecer intuitivos para fundadores ou CFOs, mas os funcionários precisam de definições simples que façam com que esses termos façam sentido.
#4 – Abandone suas planilhas inacessíveis e propensas a erro
Demonstrar diferentes cenários e dar vida ao ILP para os colaboradores parece ótimo, mas é exponencialmente mais difícil de fazer se você as informações estiverem escondidas em planilhas do Excel. Isso sem falar que um software especializado também reduz o risco de erro humano que pode ter consequências desastrosas no futuro.
Ser transparente e colocar o ILP nas mãos de todos ajuda a mostrar à sua equipe que você leva o equity a sério.
Quer conhecer como o Basement ajuda desde startups até companhias listadas na B3, Nasdaq e NYSE a descomplicar a gestão dos seus ILPs? Agende uma conversa com um de nossos consultores.