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Aprendizados sobre cultura de dono com o ex-CFO do Nubank

cultura de dono nubank

Por trás de qualquer empresa, existem pessoas. Mas por trás de uma empresa bem sucedida, existe uma “cultura de dono”. 

Não é uma questão de achismo: um estudo comprovou que organizações com profissionais engajados possuem uma produtividade 22% maior. Mas na prática, como criar esse engajamento e fazer com que os colaboradores “vistam a camisa” do negócio?


Para aprender como lidar com esse desafio, batemos um papo com Gabriel Haddad Silva. Ele acumulou experiência no assunto depois de ser CFO de duas fintechs de crescimento exponencial: a Pra Valer (maior empresa de crédito estudantil privado do Brasil) e, mais recentemente, o Nubank


O Nubank é uma baita referência quando o assunto é criar uma cultura de dono compartilhando equity com os colaboradores. Para se ter uma ideia, mais de 80% do time já está no cap table da empresa.


Confira os principais destaques da conversa 👇

Para criar uma cultura de dono é preciso repartir a propriedade

Historicamente, stock option era uma exclusividade de executivos de alta senioridade. Porém, com o passar dos anos – e com cada vez mais startups adotando este formato de incentivo -, inúmeras empresas também começaram a compartilhar equity com seus demais colaboradores (uma forma de engajar os talentos da casa e criar um vínculo de longo prazo). 

Nesse contexto, muitos empreendedores esbarram no dilema: compartilhar equity com toda a equipe ou somente com c-levels? Para o ex-CFO do Nubank, a resposta é clara: com todos!  

Eu não consigo imaginar aquela estrutura onde você tem os sócios e os não sócios. Eu prefiro dividir com todo mundo a sociedade. Isso cria um alinhamento que na minha opinião é essencial – não só melhor. E também ajuda a atrair o tipo de pessoa que se encaixa bem com o tipo de cultura que eu gosto: pessoas que estão lá pela missão, para construir algo de longo prazo e gerar valor para a empresa que estão trabalhando e são sócios. 

É diferente da mentalidade de quem está lá para receber o bônus semestral ou anual, que é uma cabeça de locatário, alugando seu tempo e esforço. Eu prefiro incentivar a cabeça de dono, e uma forma de fomentar isso é distribuindo stock options para todo mundo. 

Quando a gente monta uma startup, a gente pega dinheiro de venture capital, que são pessoas apostando no futuro da empresa e na geração de valor. Esses investidores colocam dinheiro nas empresas que vêem mais potencial, ajudam e muitas vezes ficam sem ver o retorno desse dinheiro por 5, 10 anos. E tudo bem, faz parte do jogo – eles gostam disso, de ajudar a empresa ao longo dessa trajetória. E eu não consigo entender porque não seria o mesmo com as pessoas que também estão construindo a empresa junto: os funcionários. 

Na minha visão o alinhamento tem que existir. Se os acionistas estão com uma visão de longo prazo, então os funcionários também devem ter – e uma forma de fazer isso é compartilhando equity com todos via stock options ou RSUs.” 


Obs: se ficou com um pé atrás ao pensar na diluição do cap table depois de criar um plano de stock options abrangente, o Gabriel tem uma mensagem para você:

“O option pool vai te diluir. Mas essa diluição traz muito valor para a empresa se você souber gerir bem. Porque essa é a moeda mais valiosa para atrair os melhores talentos para a empresa – e uma empresa é isso: é feita de pessoas. Então é uma diluição muito inteligente, que possibilita a atração dos melhores talentos para a construção de mais valor de longo prazo para os acionistas. O percentual vai diminuir, mas o valor monetário das suas participações no futuro pode crescer.”


Escalando o cap table

Depois de ser responsável por gerir um cap table bilionário com centenas de colaboradores, o Gabriel ressalta a importância de profissionalizar a gestão societária da empresa – e abandonar de vez o excel. Além de evitar erros que podem custar caro no futuro, contar com um software de gestão de equity dá mais visibilidade para os colaboradores acompanharem suas participações (e sem que isso se torne uma tarefa braçal para o CFO).

“Por muitos anos eu fiz a gestão do cap table em uma planilha de excel. Mas o problema é que o excel não escala e não é a ferramenta mais confiável para esse tipo de controle. A plataforma dá essa organização e confiabilidade dos dados nesse assunto que é super importante – não tem espaço para erro. 

Antes de contratar um software de gestão de equity, as pessoas me ligavam para saber quanto tinham de stock options, como estava o calendário de vesting, etc. A ferramenta dá acesso para que o colaborador possa ver tudo isso de forma autônoma e a qualquer momento. Então além de ajudar com a organização das informações, dá mais transparência para o funcionário.” 

Stock option é importante, mas não é uma pílula milagrosa

Também não basta compartilhar equity com o time e achar que a cultura de dono vai se criar sozinha. As stock options criam um incentivo de longo prazo importante, mas precisam ser acompanhadas de outras iniciativas para que seu impacto seja potencializado. Na visão do Gabriel, a arquitetura da empresa tem um papel fundamental:

“É muito importante focar na estrutura operacional da empresa. Não adianta distribuir stock options ou RSUs se você continua tomando decisões sem a participação das demais pessoas. 

Eu gosto de estruturas onde a tomada de decisão é totalmente descentralizada. E para isso ela precisa estar alinhada com a estratégia global da empresa. Uma estratégia macro muito clara e bem definida, que dê uma direção única para as equipes, só que com uma tomada de decisão descentralizada entre os times que focam em áreas específicas da empresa. 

O caminho e o detalhe não precisa ser decidido pela liderança – isso pode ser definido por cada squad. As pessoas que trabalham em startups querem autonomia, então a melhor forma de criar essa cultura de dono é dando poder de decisão.” 

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Compartilhar é preciso

Em linha com a descentralização da tomada de decisão, é importante manter uma comunicação constante entre as diferentes áreas da empresa. Na experiência do Gabriel, isso inclui dividir com o time informações estratégicas do negócio. 

“A minha preferência é ser o mais transparente possível – eu adoro confiar nas pessoas. Quem tem cabeça de dono vai saber lidar com informações e intuitivamente saber o que não é saudável dividir com o mercado e o que é melhor manter dentro de casa. 

Eu prefiro ser mais transparente com a equipe por que as pessoas, para desempenharem bem seu trabalho, precisam entender o que a empresa está priorizando e o que está querendo fazer. Se estiverem isoladas sem saber o que o resto da empresa está fazendo, elas não vão tomar decisões com todas as informações que precisam. 

Elas precisam entender o porquê das coisas para ter um engajamento, e saber que estão participando de algo maior. Essa comunicação constante faz com que as pessoas estejam mais envolvidas com a missão e visão global – e eventualmente contribuir com questões de outros times.”


Gabriel, valeu por ter aceitado nosso convite e por compartilhar conosco seus aprendizados sobre esse tema tão relevante e desafiador! ;) 


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