A Mais Mu é uma startup de suplementos e snacks saudáveis pioneira no Brasil. Fundada em 2015 pelos amigos de faculdade Otto Guarnieri e Antônio Neto, a empresa faturou R$11MM em 2019, e do início do ano até Setembro de 2020 (quando este artigo foi escrito) apresentou um crescimento de 50% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Conversamos com o Otto, que é CEO da empresa, para entender como o Basement ajuda a Mais Mu a organizar sua vida societária.
Qual o histórico de financiamento da Mais Mu? Quantas rodadas vocês já fizeram e quantos sócios vocês possuem atualmente?
A gente começou bootstrapping total, com dinheiro nosso – meu e do Neto. Depois entraram mais algumas pessoas para tocar a empresa conosco e chegamos ao número de 4 sócios – a gente ficou uns 5 anos assim.
No meio de 2019 começamos a buscar nossa primeira captação. Estudamos os diversos modelos possíveis: venture capital, private equity, family office, family&friends, equity crowdfunding, etc. Então vimos o family office e o equity crowdfunding como as melhores opções para nós naquele momento e fizemos uma rodada com o Kria e com um family office privado.
Esse é o nosso histórico de funding até aqui. Hoje temos em nosso cap table os sócios-empreendedores, o family office e mais de 250 investidores que vieram da rodada de equity crowdfunding.
Quando e por que que vocês decidiram optar pela utilização do Basement como plataforma para digitalizar e organizar a vida societária da Mais Mu?
Quando começamos a busca por investimento, conversamos com diversos empreendedores que já haviam captado via equity crowdfunding para buscar benchmark, e uma das coisas que diferenciaram o Basement para nós foi que esses empreendedores disseram que usavam a plataforma para gerenciamento de cap table.
No começo, confesso que não entendia muito bem a proposta. Como eu nunca havia feito uma captação de fato, nosso cap table era bem simples e organizado – eram 4 sócios que estavam na operação do negócio. Mas aí começou a complicar: como vamos fazer a gestão de 250 sócios? Falamos com o Fred (CEO do Basement), ele explicou como funcionava, conversamos com empresas que já usavam a ferramenta e decidimos utilizar também.
Você entende de fato como funciona quando você começa a usar a ferramenta e vê que tem todos os sócios ali sob o seu controle – costumo dizer que é como um RI 2.0 de uma empresa de capital aberto, porque ao mesmo tempo que você consegue se comunicar com todo mundo sobre o que está acontecendo, é também uma B3/corretora, afinal é onde a pessoa acompanha a participação dela.
Começamos utilizando dessa forma, mas estamos montando nosso plano de stock options e acredito que agora será ainda mais importante para a visualização por parte do colaborador e a gestão de todos os contratos que teremos que gerir – cada um com suas especificidades e prazos específicos.
Como que o Basement te ajuda a manter sua vida societária organizada mesmo com o cap table mais “pulverizado”?
É um lugar que centraliza todas as informações – todos os contratos e participações dos nossos cotistas. E ao mesmo tempo é uma plataforma que permite que a gente se comunique com todo mundo. Se eu quero mandar uma mensagem para os 250 investidores, nem todo mundo está no nosso grupo de Whatsapp. Eu mando a mensagem pelo Basement, e a notificação chega no e-mail da pessoa.
O maior benefício de usar o Basement é que eu não tenho dor de cabeça. Não sofro para saber quanto cada um tem de participação – é tudo preto no branco.
Ainda não passamos por nenhum evento de liquidez ou segunda rodada. Mas agora que estamos estruturando o plano de stock options, a gente deve lançar novas cotas (todo mundo será diluído – inclusive eu). Para fazer toda essa conta e atualizar os contratos vai ser muito simples – não precisa alterar um milhão de contratos, aquela coisa de jogar no Excel, não saber qual a versão atualizada, etc.
Conforme você mencionou, a Mais Mu está estruturando um plano de stock options para a equipe. Na sua visão, qual o benefício de transformar seus colaboradores em “donos”?
Ao invés de criar uma barreira entre a empresa e o colaborador e fazer pressão por resultado, você chama a pessoa para entrar no barco com você. Sem essa de colaborador x empresário, cada um estando de um lado da mesa, e sim os dois do mesmo lado. Esse é o jeito que acredito que as coisas devam ser construídas e é o que nos motivou a estruturar um plano de stock options.
Leia também: Qual o momento certo para criar um plano de stock options?
Alguns empreendedores ainda fazem a gestão do cap table em uma planilha do Excel. Qual a sua percepção sobre essa prática?
Controlar as coisas no Excel pode servir no começo, quando a coisa é realmente muito pequena, mas você acaba tendo uma visão muito turva. Quem foi a última pessoa que mexeu na planilha? Todo mundo tem acesso ao mesmo documento e ele está atualizado?
Se você não conta com uma plataforma como o Basement, você terá que ser extremamente cuidadoso e disciplinado para deixar tudo atualizado, e infelizmente essa não é a melhor forma de investir seu tempo gerando valor para a empresa.
O negócio é o maior beneficiado quando o empreendedor terceiriza essa demanda. Isso é fundamental principalmente quando a empresa vai crescendo e o cap table vai ficando mais complexo. Novas rodadas, mudanças de sócios, planos de stock options – dá um baita trabalho ter o controle disso tudo no Excel.
Ao longo da sua jornada empreendedora, quais os principais aprendizados sobre governança que você teve e que gostaria de compartilhar com os empreendedores que estão lendo este artigo?
Todo empreendedor deve considerar compartilhar parte do seu capital com o time que o ajuda a gerar valor. Se você não pensa nisso e outras empresas pensarem, certamente terá outro lugar em que o colaborador se sentirá mais acolhido e valorizado.
É uma questão de tempo para que a maioria das empresas dêem a chance da equipe participar do negócio. Eu acredito que como empreendedor você tenha o dever de se preocupar de verdade com o time – e uma coisa é o discurso e a outra é a prática.
Muitas vezes a gente não tem uma boa moeda de troca – porque a empresa sofre, não é lucrativa no começo ou o caixa está escasso. Então por que não compartilhar o upside futuro com as pessoas que estão abrindo mão de preço no presente? (Seja em salário ou até mesmo deixando outras oportunidades de trabalho.)
Fazendo isso, você alinha muito mais os incentivos de longo prazo. É diferente de só buscar faturamento no curto prazo. Quando você traz as pessoas para serem suas sócias, você está alinhado com as metas e incentivos de curto prazo (salário, metas, bônus) e também está alinhado com as metas de longo prazo, com a valorização da participação da empresa.